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16 de junho de 2017

Desromantizando o amor



Ninguém é obrigado a te fazer feliz. Você não precisa de ninguém para ser feliz. O amor que você dá e os cuidados que você dispensa a alguém não tornam-se, automaticamente, uma dívida: ninguém é obrigado a pagar pelo carinho que você compartilhou. O amor não é uma moeda de troca. 

Você não "precisa" de alguém e ninguém "precisa" de você. O amor não é uma prisão sem chave: você pode sair quando não estiver se sentindo bem e a outra pessoa também não é obrigada a ficar onde não quer. Você não precisa suportar os defeitos de ninguém, assim como ninguém precisa suportar os seus defeitos, se toda essa convivência faz com que no final do dia ambos estejam saturados. Você não é obrigado a estar, ficar ou tornar-se infeliz por "amor a alguém". 

Nenhuma garantia será suficiente para aplacar a sua insegurança: contratos, promessas de amor eterno e cerceamento da liberdade não são amor. Você não precisa deixar de fazer as coisas que gosta porque está com alguém. Você não precisa sacrificar os seus sonhos, desejos, vontades e necessidades por alguém e ninguém precisa sacrificar necessidades, vontades, desejos e sonhos por você. Ninguém é obrigado a gostar das mesmas coisas que você porque "se apaixonou por você". Amar não é antônimo de liberdade e sinônimo de sacrifício. Amor não tem que rimar com dor. 

Se alguém pede que você se afaste das pessoas que você gosta "por amor", afaste-se dessa pessoa. E, nunca, nunca, nunca abandone os seus amigos por influência das pessoas com quem você se relaciona. Amores vem e vão, mas dizem que as amizades verdadeiras permanecem ao longo do tempo. 

Ninguém nunca vai corresponder às suas expectativas e você nunca corresponderá às expectativas de ninguém. Você não precisa se adaptar às expectativas de alguém: é necessário, apenas, respeito. Respeito pela história da pessoa com quem você se relaciona, que tem uma vida que não depende de você. Amigos que ela conheceu antes de você, sonhos que ela teve antes de te conhecer, pessoas com quem ela se relacionou antes de você e talvez ainda mantenha contato, uma família que sempre estará lá, quer você queira ou não, e uma vida inteira pela frente, que seguirá, com ou sem você. Você não é insubstituível na vida de ninguém, mas será sempre inesquecível se conseguir manter o interesse, respeitando a personalidade, a história, os amigos, a família, os sonhos e a liberdade da pessoa que, hoje, você ama. 

Mas o amor não precisa ser eterno. O amor não precisa ser eterno. O amor não precisa ser eterno. O amor não precisa ser eterno. Repito: o amor não precisa ser eterno. E se ele acabou, não quer dizer que ele nunca existiu. 

Uma relação não se faz só de amor e o amor, somente, não consegue sustentar uma relação. É preciso disposição, respeito, muito respeito, desapego e honestidade. É preciso disposição porque às vezes a outra pessoa vai te cansar e você, inevitavelmente, vai cansar a outra pessoa. Mas se ainda houver disposição vocês vão conseguir se relacionar. É preciso respeito, muito respeito. Respeito é primordial. Respeito pela história da pessoa com quem você se relaciona, que tem uma vida que não depende de você. Amigos que ela conheceu antes de você, sonhos que ela teve antes de te conhecer, pessoas com quem ela se relacionou antes de você e talvez ainda mantenha contato, uma família que sempre estará lá, quer você queira ou não, e uma vida inteira pela frente, que seguirá, com ou sem você. Você não é insubstituível na vida de ninguém, mas será sempre inesquecível se conseguir manter o interesse, respeitando a personalidade, a história, os amigos, a família, os sonhos e a liberdade da pessoa que, hoje, você ama. É sempre bom repetir. É preciso desapego, porque ninguém consegue preencher completamente ninguém. Você nunca será o centro da existência da outra pessoa e é saudável que você não coloque a outra pessoa no centro da sua vida. É preciso desapego porque ela olhará para o lado, por mais que você tente tapar os seus olhos. Ela irá conviver com outras pessoas, por mais que você tente mantê-la na torre do castelo do seu amor. Essa pessoa poderá envolver-se com outras pessoas, sexualmente, afetivamente, e isso não quer dizer que ela não te ame. A prisão não garante a perenidade do amor. É preciso honestidade e, sobretudo diálogo, porque pessoas ainda não possuem o dom da telepatia. As pessoas não vão adivinhar o que você sente, deseja e precisa, a não ser que você diga, diretamente, sem palavras, meia voltas, indiretas e enigmas. Por mais que alguém te conheça, anos e anos, décadas, essa pessoa nunca vai adivinhar. Discussões são necessárias, mas brigas devem sempre ser evitadas. 

Não existe a pessoa perfeita, não existe alma gêmea, ninguém tem a "tampa da panela" ou a "metade da laranja" porque somos pessoas completas. Imperfeitas, é verdade. Carentes de amor, cuidado, carinho, proteção, chamego, diálogo, sexo também. Mas ninguém é obrigado a nos oferecer nada disso e não iremos morrer se alguém recusar as nossas propostas em compartilhar todas essas coisas. 

Não sou uma dessas pessoas que fingem uma completa desconstrução e o mais perfeito dos desapegos. Sou também imperfeito. Também sinto ciúme, carência, raiva, insegurança, medo de perder e tristeza quando as pessoas que amo têm de ir. Mas mantenho todas essas coisas na cabeça, acreditando que, por mais clichê que possa parecer, uma hora temos que aprender que é melhor estar só, do que mal acompanhado. 


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