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21 de agosto de 2015

Saudade de ser seu



E o amor que tenho aqui dentro
Corre aos ventos,
Suave, selvagem, ligeiro
Não se encaixa na finitude do verbo
E não cabe no peito,
Trans-borda:
Além, muito além.

Quem o mantém?
Quem o sustenta?
Quem acalenta a chama que o tem?
Quem?
Quem?
Quem é que explode em gozo, em choro, em ardor?
Quem é que acende o meu amor?
Quem?
Quem?

O coração palpita e sussurra,
Não grita,
Que não assusta:
Quem acende são seus olhos de maresia,
Mergulhados no seu sorriso de porcelana,
Afogados no toque da sua mão na minha,
Acalentado por sua doce voz que diz que grita que me ama.
Não tem segredo:
Essa beleza fresca que afarta meus olhos famintos
E saciam meus lábios vadios,
Esses passos decididos,
E o carinho arredio,
E esse jeito de homem-menino,
Dessa voz de quem pede sorrindo,
Esse abraco que sufoca o infinito,
Esse corpo que provoca arrepios,
Esse beijo que beija e dá calafrio
E essa língua de satírico
Ah,
E por tudo isso e mais um pouco
Por mais um pouco e isso tudo,
Te amo,
Tanto, que não me engano,
E muito, que já me preocupo
Com essa saudade de ser sempre seu.