Copyright © Palavra-poeta
Design by Dzignine
9 de abril de 2013

O "Outro"

Quero as cartas,
Quero as flores
Destinadas a outro homem. 

Quero o seu toque, 
Quero a sua língua na minha,
Quero a morfina, 
A nicotina,
Qualquer coisa que aplaque a minha ira. 

A segunda opção sou eu,
Segundas intenções,
Segundos contados
Na cama do seu quarto.
A mim só é dado o que sobra,
Resto dos poemas,
Resto das palavras,
Resto dos suspiros.
Quero o que me falta. 

Até quando pretende me manter como amante?
Como saber o que é verdade e o que é mentira?
Como não depender das suas palavras vazias?
Diga-me!
Quais são os sinais?

Somos aqueles que permanecem com o tempo
Quais são os seus anseios?
Do que é que você tem medo?
Conte-me os seus mais íntimos segredos,
Revele-me os seus mais loucos desejos.
Compartilhe mais do que seu corpo.

Quero ser aquele que pode ser visto com você, 
A razão do seu desejo,
Uma foto em um porta-retrato,
O lugar reservado em seu carro.
Quero ser o primeiro na lista do seu amor ambíguo, 
Quero ter seu amor, 
Mesmo que seu corpo seja eternamente dividido.


3 de abril de 2013

Sinais

 
Olhe pra mim!
Seus olhos te condenam,
São ondas, vem e vão
Seus olhos te traem
Mostram sua inconstância,
Gritam sua instabilidade. 

Olhe pra mim
Em teus olhos posso ver a sua alma
Em sua alma posso sentir seu coração
E o único lugar em que habito são em suas palavras
Se não da alma, nem do coração 
De onde elas vêm?

Toque em minhas mãos
Seu corpo não mente
Seu corpo me sente,
E o seu corpo me quer. 
Quente, 
Sua pele na minha
Sente?
Essa é a nossa única sintonia...

Fale pra mim
Suas palavras são filhas do vento
Espalhadas aos quatro cantos
Seu coração, porém, 
Não é dado a ninguém!
Eis-me aqui
Apaixonado, 
Iludido,
Seu corpo é meu cárcere,
Seu amor é meu suplício.

Cale-se,
Mas abra bem seus olhos
Sei ler bem os sinais
E sei dos meus desejos
Por um homem que seja completamente meu. 

1 de abril de 2013

Homens de homens

Homens de braços atados,
Mãos dadas.
São colunas, 
Muralhas. 
Homens de homens 
Sem seus homens não são nada. 


Homens de riso fácil,
Homens de cara fechada, 
Homens de rosto barbudo,
Homens de cara pelada. 
Caras que serão homens, 
Homens que nunca foram caras. 

Homens que dão flores, palavras, romance,
Homens que dão doces, beijos e então somem.
Mas homens que se escondem nunca serão homens. 


Homens que já foram garotos de um garoto,
Homens que já foram de outro homem.
Homem de posse de um outro, 
Homens de mesmo nome. 

Moços de traços, 
De braços, 
Moços que são bons moços, 
Moços mal-educados. 
Moços voz de menina, 
Moços voz de trovão, 
Moços escravos do desejo, 
Moços que seguem a voz do coração. 


Homens, garotos, moços
Sensíveis ou insensíveis,
Duráveis ou perecíveis, 
Felizes ou tristes,
São homens, os mesmos, 
Mesmo amando outros homens.