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7 de janeiro de 2012

Como um oceano furioso...



As pessoas quase sempre me perguntam como é que eu aguento ficar na solidão. É fácil: é porque eu sou extremamente intenso quando se trata de amor. Quero ser original ao falar de como me sinto em relação ao amor, como amo e como demonstro o meu amor mas sei que tudo que sei sobre mim foi o que eu ouvi por aí, o que eu li por aí. Mas então não buscarei a originalidade; buscarei apenas a conveniência com o que trago dentro de mim.

Ajuste o som no máximo volume ouvindo a música com a melodia e a letra mais perfeita. Que ela fale sobre amor, mas que não seja rápida. Que seja lenta, arrastando-se em sua perfeição, colhendo com seus sons apenas alegria e satisfação. Ouça essa música e talvez esteja preparado para sentir comigo o drama que é o desenrolar de um amor para mim. Tudo começa lentamente. Como um animal sedento, mas seletivo, em busca de sua melhor presa. Sim, esse sou eu no começo. E, como a música, tudo vai se desenrolando lentamente, perfeitamente. O esquisito é que parece que no começo eu confio. Parece que a presa que eu escolho me parece uma escolha bem feita. Não sou caçador; a presa vem até mim e me convence a saboreá-la. Sendo mais explícito o objeto do meu amor faz com que eu fique intensamente atraído e enamorado por ele. E começo a colecionar as suas mais preciosas qualidades. Algumas vezes costumo ostentar suas qualidades para o mundo, outras vezes guardo-as só pra mim, mas sempre as tenho.

Mas quase sempre é impossível. Sempre tão distantes, mas a verdade é que sou exigente. Eu não quero superficialidade, não quero futilidade, não quero ser apenas mais uma presa na mão de algum aproveitador. Eu quero apenas uma união de almas. Eu quero apenas que ele seja somente meu, só meu e de mais ninguém. Não, não é possessão. Eu serei só dele também. Quero todas as noites olhar o céu com ele e contar as estrelas. Quero todas as noites amar como se não houvesse outro nascer do sol. Quero abraçá-lo e sentir-me protegido. Quero percorrer o mundo com ele. Mas, sempre tão distante, tudo não passa de imaginação...

É tudo tão intenso e não tenho vergonha de assumir que sou extremamente possessivo. Também sou extremamente desconfiado e inseguro. Quero apenas ter a certeza de que sou realmente especial na vida das pessoas que eu passo. Mas nunca é suficiente. E, quando você é tomado pela insegurança doentia, você cai por terra. Será que sou amado? Será que ele realmente me ama, só a mim? Será que vale a pena ficar nessa relação? Será por que ele não me responde? Será que ele está pensando em mim? Será que ele pensa em mim antes de dormir, ao acordar? Será que ele sente tudo isso que eu sinto?
E então é nessas horas que o romance acaba por ser destruído por mim. Não aguento tantas dúvidas, não aguento tanta intensidade. Não aguento um turbilhão de sentimentos aqui dentro. E é nesses momentos que a tsunami começa a vir novamente. Ela passa e vai destruindo tudo, fazendo com que eu já não tenha forças. Não, não é exagero! Como disse, eu sou intenso. Nesse momento escute uma ópera. O ato final de uma grande ópera dramática. Porém, essa ópera vai dando lugar a uma música que alterna entre a calma de uma corrente de um rio e o barulho de uma tempestade em alto-mar. E, no final, a música fica tão lenta, tão calma e tão harmoniosa que você não consegue conter o choro. Depois de tanta intensidade, de tanta insegurança... O que resta a não ser fugir? Será que consigo controlar esse oceano furioso que tenho dentro de mim?

Talvez a resposta para a pergunta de alguns esteja aí. Mas a pergunta maior que eu me faço todos os dias talvez nunca seja respondida: como controlar esse oceano furioso que tenho dentro de mim? Como? 

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